segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Ao sol que habita em mim neste dia de chuva!

Não gosto de frio nem chuva, prefiro o sol. O frio me agride quando diz: “Vc está suficientemente sozinha para sentir como posso fazer vc doer”. A chuva me agride quando diz: “Eu quero que vc vá para a cama, cubra-se e reflita sobre o sentido da sua vida, deixe-me agonizar você”. O sol me afaga quando diz: “Estive com vc nos momentos mais felizes da sua vida, eu sou o sorriso do dia, eu deixo as suas cores prediletas mais fortes, eu faço você desejar o mar e o prazer”!
A imposição capitalista do prazer me auxiliou na construção destas imagens do frio e da chuva. Eu aprendi a não gostar da solidão e da agonia, a negar – apesar de reconhecer – que de fato gosto da solitude assim como da companhia e que a agonia impulsiona. Está tão impregnada a ideia de que a solidão e a agonia são negativas que elas acabam por me fazer mal quando poderiam me fazer bem se celebradas.
As minhas agonias são produtos da minha sensibilidade, do meu portal de energia aberto às pessoas de má fé que estão vivas por egoísmo ao mesmo tempo em que vivem para nutrir o capitalismo, de modo que conseguem ser felizes com a ideia de uma estabilidade econômica. As minhas agonias são produtos da minha vontade de ver crescer nas pessoas deste mundo a vontade de conhecer o outro lado do mundo, aquele que se opõe ao sistema como ele é, onde a coletividade é possível, bem como o respeito ao outro [inclusive àqueles que não virão e que já passaram por aqui] e à natureza. No qual a vida é mais bem compreendida e o prazer não é imposto, portanto, a felicidade estampada é verdadeira. No qual toda a lógica de consumo é cortada em prol das necessidades de fato humanas.
Estou profundamente agoniada hoje. Estou lecionando. No meu cotidiano agora mora uma contradição maior. A maioria dos meus estudantes não está interessada no vestibular. E a minha utilidade como professora de história não é prioritariamente que os meus estudantes sejam aprovados no vestibular, se vierem a desejar isto. Eu serei útil na medida em que eu proporcionar situações a partir das quais meus estudantes compreendam a si mesmos como sujeitos históricos, que saibam da lógica que a escola reproduz e que eles não estão errados em repugná-la [o autoritarismo, os horários, a obrigatoriedade, as aulas], mas que ainda assim precisam utilizar aquele espaço para burlá-lo [mesmo porque a passagem por ali é obrigatória], atribuindo-lhe um significado individual-coletivo. Eu serei útil na medida em que conseguirmos perceber o outro lado, na medida em que refletirmos sobre diversos temas até que consigam pensar por si, de modo que seguir uma ordem pré-determinada e que não beneficia o coletivo não faça mais sentido. Por enquanto, tenho que conviver com a rejeição às minhas ideias por estes humanos, alvos dos meus desejos primeiros.